jueves, 30 de abril de 2009

O gigolô das palavras




por Luís Fernando Veríssimo



Quatro ou cinco grupos diferentes de alunos do Farroupilha estiveram lá em casa numa mesma missão, designada por seu professor de Português: saber se eu considerava o estudo da Gramática indispensável para aprender e usar a nossa ou qualquer outra língua. Cada grupo portava seu gravador cassete, certamente o instrumento vital da pedagogia moderna, e andava arrecadando opiniões. Suspeitei de saída que o tal professor lia esta coluna, se descabelava diariamente com suas afrontas às leis da língua, e aproveitava aquela oportunidade para me desmascarar. Já estava até preparando, às pressas, minha defesa ("Culpa da revisão! Culpa da revisão !"). Mas os alunos desfizeram o equívoco antes que ele se criasse. Eles mesmos tinham escolhido os nomes a serem entrevistados. Vocês têm certeza que não pegaram o Veríssimo errado? Não. Então vamos em frente.


Respondi que a linguagem, qualquer linguagem, é um meio de comunicação e que deve ser julgada exclusivamente como tal. Respeitadas algumas regras básicas da Gramática, para evitar os vexames mais gritantes, as outras são dispensáveis. A sintaxe é uma questão de uso, não de princípios. Escrever bem é escrever claro, não necessariamente certo. Por exemplo: dizer "escrever claro" não é certo mas é claro, certo? O importante é comunicar. (E quando possível surpreender, iluminar, divertir, mover... Mas aí entramos na área do talento, que também não tem nada a ver com Gramática.) A Gramática é o esqueleto da língua. Só predomina nas línguas mortas, e aí é de interesse restrito a necrólogos e professores de Latim, gente em geral pouco comunicativa. Aquela sombria gravidade que a gente nota nas fotografias em grupo dos membros da Academia Brasileira de Letras é de reprovação pelo Português ainda estar vivo.




Eles só estão esperando, fardados, que o Português morra para poderem carregar o caixão e escrever sua autópsia definitiva. É o esqueleto que nos traz de pé, certo, mas ele não informa nada, como a Gramática é a estrutura da língua mas sozinha não diz nada, não tem futuro. As múmias conversam entre si em Gramática pura.



Claro que eu não disse isso tudo para meus entrevistadores. E adverti que minha implicância com a Gramática na certa se devia à minha pouca intimidade com ela. Sempre fui péssimo em Português. Mas - isso eu disse - vejam vocês, a intimidade com a Gramática é tão indispensável que eu ganho a vida escrevendo, apesar da minha total inocência na matéria. Sou um gigolô das palavras. Vivo às suas custas. E tenho com elas exemplar conduta de um cáften profissional.




Abuso delas. Só uso as que eu conheço, as desconhecidas são perigosas e potencialmente traiçoeiras. Exijo submissão. Não raro, peço delas flexões inomináveis para satisfazer um gosto passageiro. Maltrato-as, sem dúvida. E jamais me deixo dominar por elas. Não me meto na sua vida particular. Não me interessa seu passado, suas origens, sua família nem o que outros já fizeram com elas. Se bem que não tenho o mínimo escrúpulo em roubá-las de outro, quando acho que vou ganhar com isto. As palavras, afinal, vivem na boca do povo. São faladíssimas. Algumas são de baixíssimo calão. Não merecem o mínimo respeito.



Um escritor que passasse a respeitar a intimidade gramatical das suas palavras seria tão ineficiente quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel. Acabaria tratando-as com a deferência de um namorado ou a tediosa formalidade de um marido. A palavra seria a sua patroa ! Com que cuidados, com que temores e obséquios ele consentiria em sair com elas em público, alvo da impiedosa atenção dos lexicógrafos, etimologistas e colegas. Acabaria impotente, incapaz de uma conjunção. A Gramática precisa apanhar todos os dias pra saber quem é que manda.

Carta de Repúdio - Á coleta seletiva e ao aterro sanitário

Para:
José Carlos
Prof. Alexandre

Cópias a:
alexandre.pro@gmail.com
adelaandrade7@hotmail.com
july_andrade7@hotmail.com

Prezado senhor José Carlos,
Secretário de Infra-estrutura e Obras do Estado da Bahia, Brasil.


Venho por meio de esta declarar meu completo e absoluto repúdio à coleta e ao deposito de lixo. Sabemos que existem normas para as coletas e para os aterros sanitários e em Eunápolis as regras básicas não estão em vigor.
Há um padrão ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) de como recolher, como e onde depositar o lixo hospitalar, doméstico, e industrial. E nesta cidade não está acontecendo esta coleta como deveria, ou seja, há total descuido com o lixo, desde o processo de recolhimento até o deposito final.
Segundo as normas da ABNT a função de um aterro sanitário é ser um local onde são depositados os lixos sólidos urbanos, sem causar danos à saúde pública e à segurança; e um meio de minimizar os impactos ambientais.
Hoje há a confirmação de que famílias estão morando e sobrevivendo no lixão local. O lixo recolhido das casas é depositado ali no lixão sem o menor pudor. Pássaros também têm como local de alimentação o lixão, e isto representam um risco à população eunápolitana, pois, podem transportar bactérias e vírus para zona urbana e a zona ali próxima também.
A saúde da população é outro fator de suma importância, além de todos os riscos existe uma substância que o acumulo de lixo produz que é o chorume. Este é um liquido que deve ser tratado para não contaminar os lençóis freáticos
Como conseqüência da coleta seletiva aparece a reciclagem que contribui para o meio ambiente, gera riquezas e contribui com a geração de empregos. O lixo orgânico também pode ser reciclado, ele é utilizado na fabricação de adubos para serem utilizados na agricultura. A separação do lixo é de extrema importância para a sociedade. Além de gerar renda para milhões de pessoas e economia para as empresas, também significa uma grande vantagem para o meio ambiente uma vez que diminui a poluição de rios e solos.
Diante da implantação da coleta seletiva, vemos que os resultados são inúmeros. Entre eles estão os políticos e os econômicos. O político: além de contribuir positivamente para a imagem do governo e da cidade, a coleta seletiva exige um exercício de cidadania, no qual os cidadãos assumem um papel ativo em relação à administração da cidade.
E economicamente é um investimento no meio ambiente e na qualidade de vida. Não cabe, portanto, uma avaliação baseada unicamente na equação financeira dos gastos da prefeitura com o lixo, que despreze os futuros ganhos ambientais, sociais e econômicos da coletividade. A curto prazo, a reciclagem permite a aplicação dos recursos obtidos com a venda dos materiais em benefícios sociais e melhorias de infra-estrutura na comunidade que participa do programa. Também pode gerar empregos e integrar na economia formal trabalhadores antes marginalizados.
Segundo uma matéria de um site de noticias local (nossacara.com), do ano de 2007, o secretário da infra-estrutura Omar Reiner, afirma que já existe um projeto pronto para a implantação de um aterro sanitário aqui em Eunápolis. O começo das obras deveria ser em janeiro de 2007 e a previsão de execução é de 18 meses. E onde estão essas obras? O prazo de previsão já terminou. E a satisfação à sociedade como fica?
Hoje precisamos urgente que as autoridades locais despertem, pois todos esses problemas são atuais, e famílias, crianças e jovens, estão deixando toda uma vida para trás, para sobreviver literalmente do resto de muitos. O que é preciso fazer é uma associação de coleta seletiva, um aterro sanitário. E a mais urgente de todas: tirar as famílias que vivem no lixão. Se os órgãos competentes souberem influenciar a população a utilizar os recursos da natureza, possivelmente poderemos ter muito em breve um planeta mais limpo e mais desenvolvido.


Enquanto moradora da cidade de Eunápolis, e aluna do IF-BA peço que, alguma providencia seja tomada para que o futuro de nossa cidade possa ser promissor e também peço em prol das famílias que moram no lixão da cidade, lá existem, crianças que precisam da atenção e dos cuidados urgentes de vocês.

Julyane Andrade
Instituto Federal de Educação e tecnologia da Bahia
Eunápolis, Bahia